Uma carta a Pat Robertson

Caro Pat Robertson,

Eu sei que você acredita em “fale mal, mas falem de mim”, portanto eu agradeço o grito. E você faz Deus parecer um grande Zé Brigão que chuta as pessoas quando estão caídas, então eu tô contigo e não abro. Mas quando você diz que o Haiti fez um pacto comigo, é totalmente humilhante. Eu posso ser o demônio em pessoa, mas não sou um vigarista. Do jeito que você fala, fazer um pacto comigo deixa o pessoal desesperado e empobrecido. Claro, na vida após a morte, mas quando eu fecho uma barganha com as pessoas, elas primeiro ganham alguma coisa aqui na terra – riqueza, beleza, talento, saúde, fama, glória, um violino de ouro. Aqueles haitianos não têm nada, absolutamente nadinha de nada. E isso era antes do terremoto. Você não assistiu ao “Crossroads” [Encruzilhada]? Ou ao “Damn Yankees”? Se eu tivesse uma coisa com o Haiti, haveria muitos bancos, arranha-céus, carros de luxo, clubes noturnos privados, Botox – esse tipo de coisa. Uma taxa de 80% de pobreza não é mesmo meu estilo. Nada contra – eu só estou falando: não é a minha praia. Você está fazendo um ótimo trabalho, Pat, e eu não quero cortar o seu barato – só, puxa vida, você tá me pondo mal na fita. E não o bom tipo de mal. Continue pondo a culpa em Deus. Isso tá funcionando. Mas me deixe fora disso, por favor. Ou nós teremos que renegociar o seu próprio contrato.


Um abraço, Satanás



Lily Coyle, Minneapolis, Estados Unidos /  
Tradução: Gustavo K-fé Frederico

Fonte: Pavablog

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