Apagão

Desde os primórdios existem pessoas que insistem em defender a fé genuína no Deus verdadeiro, sem medo das consequências. Mesmo sendo minoria, a "luz do mundo" sempre brilhou entre nós, mas me parece que, nos últimos dias, um deprimente apagão se destacou no meio do povo escolhido. E alguns fatos decorrentes disso me incomodam, e muito.

Me incomoda o fato estranho de estar reunido com pessoas que dizem ter a mesma fé que eu, que se assumem como "família de Cristo",  saúdam-se com abraços e sorrisos, mas que ignoram o mandamento do amor, preferindo julgar alguém pelos seus atos e decisões à praticar tal mandamento.

Me incomoda ter que concordar com muitas pessoas que dizem que o propósito da "instituição igreja" é o de unir pessoas que façam parte do Corpo de Cristo, mesmo sem enxergar esta união nos líderes da igreja e tampouco em seus membros.

Me incomoda ter que trancar meu intelecto à palavras rotineiras e clichês vazios pra poder ser considerado pelos outros como "parte da panela". Me incomoda o simples fato de ainda ter que utilizar o termo "panelinha" para um grupo de pessoas a quem poderia estar chamando de Servos do Deus Altíssimo.

Me incomoda me sentir tão incomodado com o único lugar onde eu deveria me sentir livre e perdoado.

Como posso dizer que Jesus ama alguém, se este amor não é refletido em mim? Como posso querer paz, se meus lábios conspiram contra meu irmão? Como posso querer ganhar o pobre e necessitado, se não divido o pão? 

Chorar com os que choram? Pra que, se posso simplesmente me acomodar com as mensagens-massagens que são vomitadas dos púlpitos e sossegar em meu banco com o mantra sagrado intocável dos levitas sem criatividade que invadem mais e mais nossas congregações?

Substituímos a inteligência que Deus nos deu por uma tal "unção" que própria bíblia desconhece. Aplaudimos canções repetitivas, sem conteúdo e temos a cara-de-pau de dizer que elas "têm unção". Partilhamos de um culto mesquinho, onde o que vale é fazer careta e levantar as mãos durante o período de louvor, repetir sem consciência o que o pregador insiste que falemos - feito robôs defeituosos ou marionetes retardadas.

Já não é chegada a hora de despertarmos deste sono? Já não é hora de lutarmos contra o nosso próprio comodismo e fazer mais que a rotina em favor de um ideal maior do que o nosso próprio umbigo pede? Já não é tempo de voltar a repartir o pão? 

É hora de deixar brilhar a luz que há em nós... não só dentro das quatro paredes do templo mas, principalmente, na imensidão deste mundo tenebroso.


by GG

7 comentários:

Júnior Volkov 2 de março de 2010 às 22:56  

Uau.

Volkov.

Rick Serrat 3 de março de 2010 às 08:52  

apagou?

Carol 3 de março de 2010 às 09:15  

Concordo com tudo o que foi escrito, mas entendo que devemos tomar muito cuidado antes de encarar a "imensidão do mundo tenebroso".
É necessário preparação para não ser rechaçado pelo inimigo, e essa preparação, em parte, acontece dentro da igreja (inevitável!)
Precisamos do convívio com os irmãos (isso é bíblico) mas precisamos acima de tudo do CULTO RACIONAL.

A paz!


Carol.

Anônimo 3 de março de 2010 às 09:22  

Alguém viu o texto falar que NÃO "Precisamos do convívio com os irmãos (isso é bíblico)" que a Carol citou???

O pessoal dos comentários deveria ler melhor antes de escrever coisas assim meio sem noção, sem contexto... sei lá.

O texto é bom e eu não mudaria nada. Aliás, o texto fala exatamente que DEVEMOS estar em contaco com os irmãos quando diz "... não só dentro das quatro paredes do templo..."

Pra mim esse "NÂO SÓ" inclui a convivência no templo ao invés de excluí-la como disse a tal Carol aí em cima.

Não entendi o coment dela... foi al se fui rude de alguma forma...

Paz


Julião

Anônimo 3 de março de 2010 às 09:25  

Tem gente que procura pêlo em ovo.
Não entendi o coment da Carol também, mas acho que ela deve ter interpretado mal o texto, só isso.

morena moraes 3 de março de 2010 às 09:49  

acho que as pessoas, leia-se aqui 'cristãos', não levam a sério esse papo de "luz do mundo".

eles esquecem principalmente que há um diferença gritante entre ser chamado e ser escolhido. não se lembram da parte na qual todos serão chamados, mas apenas os que fizerem a diferença serão escolhidos. (minha livre interpretação, ok?!)

o que mais me envergonha é saber que não sou livre de convenções sociais hipócritas nem dentro do tempo.. pffffff.

Everton Prezilius 3 de março de 2010 às 12:32  

Como sempre, ótimos textos...
Parabéns manooo

Apenas um detalhe...
A tomada está no novo padrão brasileiro...

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