Eu, o Mascarado

Responda rápido, assim, à queima roupa, sem pensar muito: por que pecamos tanto? Provavelmente a sua resposta será bem parecida com a minha - que sinceramente não faz sentido algum. 

Arrumar desculpas para nossos atos pecaminosos já se tornou de praxe. Somos mestres em tecer comentários acusadores sobre o erro dos outros, apontar a falha de um irmão, exigir mudança no comportamento de alguns líderes - mas somos incompetentes e fracos quando o assunto é enxergar a sujeira que nós mesmos varremos para debaixo do tapete de nossas aparência.

Se a propaganda é a alma do negócio, na mesma intensidade a nossa máscara é a alma de nossa sobrevivência. 

Pouco importará o que fizemos no nosso esconderijo mais escuro, se mantivermos a aparência de santos. E o mais interessante é que a máscara nos cai muito bem. Nos sentimos confortáveis quando estamos com ela. Não precisamos expor nossos verdadeiros sentimentos pelo vizinho barulhento, não nos é requerido dizer o que realmente pensamos sobre o professor da faculdade ou sobre aquela menina esquisita que acabou de entrar pela porta da sala. A máscara nos protege. O escudo da aparência é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente no nosso enfadonho dia-a-dia.

No entanto, mesmo quando nos defrontarmos com o poder da cruz, que nos reconcilia com Deus e nos traz nova vida, o nosso falso eu permanecerá irredutível... ele não desiste fácil assim. O conforto das aparências continuará a assolar nossos desejos, a urgência da nossa auto renúncia se verá ameaçada pelo prazer inegável que existe por trás da máscara. 

Esta ansiedade em mostrar ao público um eu perfeito, imaculado, limpo e justo se dá devido ao nosso culto à performance. Não veneramos a simplicidade do Evangelho, mas sim a eloquência das palavras ditas, o profeta exibicionista, o pop, o famoso, etc. Cultuamos as aparências e não conseguimos viver sem elas. Pouco importa saber quem realmente sou eu, se o mundo inteiro está de pé, aplaudindo minha performance.

"A vida em torno do falso eu gera o desejo compulsivo de apresentar ao público uma imagem perfeita, de modo que todos nos admirem e ninguém nos conheça." (Brennan Manning)

O show sentou no trono dos nossos corações, estabeleceu seu reinado de belezas frágeis e falsas, e rege nossa conduta como se fôssemos marionetes em suas mãos.

Eu, porém, um mascarado como qualquer um, deixei cair minha máscara em algum lugar e agora imploro com o coração acelerado: se alguém a encontrar, por favor, não me faça saber onde está.


by GG

7 comentários:

Danilo Cardoso 5 de maio de 2010 às 17:24  

Cara... já pensou se todas as mascaras fossem ao chão ao mesmo tempo? Seria uma catastrofe mundial heim... rsrsrsrs
Mas é fato, o mundo é feito de mascaras, só cada um (e Deus) sabe o que rola atrás de suas cortinas, os bastidores do espetáculo... e todos batem palmas !!!!

Rick Serrat 6 de maio de 2010 às 10:07  

boa Gu! detonou nesse texto! parabéns irmão! é isso ai... não sei se a minha caiu por completa... mais a parte que caiu, por favor, quem achar, não me diga onde está!

Anônimo 7 de maio de 2010 às 10:02  

Mano, parabéns pelo excelente texto! (Quero este para mim também! rsrs)

Você discorreu sobre este assunto tão complexo com bastante desenvoltura... Mas, é perceptível, pela quantidade comentários, como este é um tema complexo e espinhoso... Ninguém gosta de colocar o dedo nas próprias feridas...

Certa vez, um sábio conhecido por C.S Lewis disse:

"Se eu fosse te recomendar uma religião para lhe fazer sentir confortavel certamente não lhe recomendaria o Cristianismo."

nEle

Cristão da Universal 7 de maio de 2010 às 11:06  

Eu não tenho máscara... errei me conserto, se permaneço, peço ajuda.

Nada da vida dos outros, Deus me deu só uma vida, então eu tenho que cuidar só dela.

Julião 7 de maio de 2010 às 11:11  

Parabpens ao autor do texto pela hombridade de encarar seus erros e assumir essa verdade.

Cristão univesal, quer dizer que vc NUNCA usou máscara... aham... sei... bom, quem sou eu pra não acreditar em você né? Mas acho que seu comentário já é uma bela máscara... mas é o que eu penso, posso estar errado.

Eu assumo meus erros, me conserto - mas confesso sem medo de ser feliz: a tal da máscara realmente me cai bem. E eu odeio esta verdade, e luto contra ela.

#prontofalei

Anônimo 7 de maio de 2010 às 11:24  

Quem nunca escondeu sua verdadeira face, que atire a primeira máscara...

Alguém? Alguém? Alguém ai...

nEle

Celso 7 de maio de 2010 às 12:12  

Cara, muito lindas as suas palavras, em uma parte do texto eu quase chorei...

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