Pipoca&Letra 006."Preciosa"

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Minhas espectativas relacionadas ao filme “Precious” cresceram bastante desde que foram anunciados os vencedores do Oscar 2010, dentre os quais vi ser entregue o prêmio de melhor atriz coadjuvante à excelente e estonteante atuação de Mo’nique e o surpreendente prêmio de melhor roteiro adaptado. Ainda assim, “Preciosa: Uma História de Esperança” (“Precious: Based on the Book ‘Push’ by Sapphire”) conseguiu superar tudo que esperava.

A história de Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe) nos envolve e causa as reações mais variadas em nós, espectadores. Raiva, surpresas, pavor e aflição são alguns dos muitos sentimentos que nos são transmitidos através de atuações que me deixaram boquiaberto do começo ao fim do filme dentro da sala do cinema.

Lembro-me bem do momento no qual a reação dos espectadores me chamou tanta atenção que, depois de um certo esforço para tirar os olhos da tela, voltei-me para a mulher sentada ao meu lado e a vi enxugar os olhos, ainda antes de 30 minutos de filme, percebendo então que a realidade exposta na grande tela começava a incomodar as pessoas que assistiam àquela impressionante pérola do cinema.

Escrever aqui sobre este filme não é uma tarefa fácil para mim, pois não há meios de falar mais profundamente sobre ele sem revelar alguns detalhes. Portanto me proponho aqui a fazer uma crítica superficial, analisando tecnicamente o que meus olhos presenciaram, destacando também os sentimentos que afloraram não só em mim, mas em muita gente dentro da sala do cinema.

O longa nos conta a história de uma jovem obesa e negra que sofre abusos físicos de sua mãe, tem uma filha portadora de Síndrome de Down e espera, aos 16 anos, seu segundo filho. Devido às inúmeras dificuldades e aos traumas sofridos na vida, Precious (Gabourey Sidibe) tem dificuldades de aprender, além de viver tendo devaneios, imaginando como seria sua vida se pudesse viver como uma garota normal. Quando a diretora de seu colégio nota suas dificuldades e decide ajudá-la, indicando-a para uma espécie de educação alternativa, tudo começa a mudar.

Ainda sofrendo com a violência da mãe em casa, Precious passa a frequentar a escola alternativa, onde conhece outras meninas problemáticas e uma professora dedicada, vivida pela excelente atriz Paula Patton (Deja Vu), que se apresenta como Sra. Blu Rain. 

Aos que pensam que a temática da educação alternativa pode funcionar como um tiro saindo pela culátra, já que foi tratado inúmeras vezes na história do cinema, ledo engano. “Preciosa: Uma História de Esperança” acerta em cheio quando joga na nossa cara toda a realidade vivida pela protagonista, que sofre não só com tapas e agressões físicas em casa, mas também com as palavras duras e ofensas proferidas por sua própria mãe.

O filme ainda conta com as boas participações da cantora Mariah Carey e do cantor Lenny Kravitz.
A direção de Lee Daniels nos remete à uma leitura visual do clássico, com uma câmera na mão e closes impecáveis, detectando as mais incríveis expressões faciais e corporais do elenco absurdamente competente.

Os diálogos pesados, o clima oscuro eos detalhes absurdamente mórbidos que se revelam ao passar do tempo nos confirmam o que o crítico Marcelo Forlani escreveu em sua crítica sobre o filme no site Omelete: “Em menos de 10 minutos de filme você vai entender que os seus problemas não são nada perto do que realmente sofrem algumas pessoas mundo afora”.

Seja para apreciar uma excelente obra de arte ou para comparar sua vida e seus problemas aos de Precious, não é permitido à qualquer apaixonado pelo cinema perder este filme. Uma graciosidade violenta, com atuações inacreditáveis e uma realidade arrebatadora. “Preciosa” não é só um título mas o mais justo adjetivo para definir esta pérola. Uma verdadeira preciosidade!

Minha única preocupação, no entanto, é com a classificação indicativa do filme, que no Brasil é de 16 anos – nenhum adolescente nesta idade é capaz de compreender algumas coisas que preferi não revelar neste texto, pois tratam de assuntos mórbidos e até certo ponto estarrecedores. Mas isso, é claro, não tira do filme o merecimento de toda minha admiração. 

“Precious” é simplesmente fantástico!



by GG (Publicado originalmente no "Caverna do Jedi")

1 comentários:

Thais Lira 5 de agosto de 2010 às 15:19  

Sim. Eu gosto de filmes que geram dentro de mim, uma erupção de sentimentos. Mas detesto filmes que insistem em me deixar aflita.

Assisti "Preciosa" duas vezes, e tentei ser o mais flexivel que poderia ser comigo mesma. Mas, não gostei.

Não sei. Mas acho que já basta ver isso nos jornais todos os dias. Acho que já basta ver isso na internet todos os dias. Acho que eu continuo esperanço algo muito novo. Um final feliz, talvez.

@LiraOficial
www.pontodalira.blogspot.com

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