No conto de O. Henry "O presente dos magos", uma jovem esposa tem apenas 1,87 dólares pra comprar um presente para o marido, e o Natal é no dia seguinte. Ela decide, impulsivamente, vender seu longo e belo cabelo para ter como comprar uma corrente para o estimado relógio de ouro dele. Naquele exato momento, ele está vendendo seu relógio para comprar um presente para ela: uma escova especial para seu belíssimo cabelo.
Você já fez espontaneamente algo tão extravagante? Foi em frente e esvaziou o cofrinho porque determinado presente era perfeito para alguém de quem você gostava?
O evangelho de Marcos relata a história de uma mulher que levou um vaso de alabastro com perfume de nardo puro, o quebrou e derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. Alguns dos que ali estavam se indignaram com tamanho desperdício. Esse perfume poderia ser vendido por muito dinheiro e dado aos pobres. Mas, Jesus lhes disse: Deixai-a, porque ela praticou boa ação para comigo. (Mc 14:3-9)
Que gesto lindo e impulsivo de gratidão! Pela avaliação humana foi uma coisa tola e desperdiçadora de fazer. Contudo, Jesus ficou profundamente comovido que quis que a história da impulsividade dessa mulher fosse contada e recontada ao longo das gerações até o fim dos tempos.
Obviamente, Jesus está dizendo aqui que existe lugar real para o impulsivo e o espontâneo, o generoso e o não estritamente necessário, o heróico e o extraordinário, as incontroláveis e incalculáveis explosões de generosidade que clamam: “ É justo render-lhe graças e louvor”.
Ainda assim, nossa gratidão a Jesus é em sua maior parte o serviço não celebrado que prestamos aos que nos rodeiam. “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um desses pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mt 25:40)
Embora Cristo não se mova mais de forma visível entre nós, cada encontro com um irmão ou uma irmã é um misterioso encontro com o próprio Jesus. No cenáculo, o Homem que era em tudo como nós, menos na ingratidão, expôs claramente a estratégia da gratidão: “Amai uns aos outros assim com Eu vos amei”. A Pedro, na praia do mar de Tiberíades: “Se tu me amas, Simão filho de João, apascenta minhas ovelhas”.
De forma simples, nossa profunda gratidão a Jesus Cristo não é manifesta no ato de sermos honestos, sóbrios e respeitáveis, nem freqüentadores de igreja, cantores de hinos e louvores, mas em nosso profundo e delicado respeito uns pelos outros.
Texto retirado do livro: O Evangelho Maltrapilho, de Brennan Manning. Editora Mundo Cristão, 2005.
1 comentários:
Sim... eu já esvaziei o meu cofrinho para dar um presente muito especial para uma pessoa. A sensação de alegria que a pessoa presenteada demonstrou valeu cada centavo gasto.
Muito bonito o texto.. é algo que nos faz meditar.
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